quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

31 de Janeiro de 1891









Foi a primeira tentativa de implantar o regime republicano em Portugal. Aconteceu no Porto, estava a humilhação do Ultimato britânico - ocorrida um ano antes - ainda bem fresca. O nacionalismo exacerbado dos portugueses de então fora aproveitado pela oposição republicana, mobilizando ruidosos protestos contra a Inglaterra, essa velha aliada que se revelara, afinal, pérfida e traiçoeira. Mas também havia remoques contra os partidos monárquicos (o partido Regenerador e o partido Progressista), que caminhavam para o esgotamento do rotativismo do poder, continuando o país a afundar-se na crise económica. E muito descontentamento, enfim, contra o rei D. Carlos, entronado em Dezembro de 1889, um mês antes da "vergonhosa cedência" perante o Ultimato. Começava mal o reinado do penúltimo monarca de Portugal.

Mas faltava, também, unidade ao Partido Republicano Português (PRP), dividido entre moderados e radicais. Fazia muito barulho, cavalgara a onda de indignação de 1890, mas a base social de apoio era, ainda, reduzida: essencialmente de classe média e urbana, uma minoria num país de 80% de analfabetos e quase a mesma percentagem de população rural.

O "31 de Janeiro" foi o produto de um certo aventureirismo republicano radical. Instigado por jornalistas e advogados ligados à Maçonaria, o golpe foi levado a cabo por soldados, sargentos e uns poucos oficiais do Regimento de Infantaria 10, mas não conseguiu mobilizar a maior parte da oficialidade e da própria população civil. Começou às 4 horas da madrugada. Pelas 10.30 da manhã estava tudo terminado, após um tiroteio cerrado sobre o edifício dos Paços do Concelho do Porto e a rendição dos revoltosos perante o cerco das unidades militares fiéis à monarquia. Um fracasso comprometedor para o PRP. Apesar de tudo, durante três horas o Porto viveu em República. Tanto foi o tempo que medeou entre a declaração do novo regime, o hastear da bandeira verde-rubra, o entoar d' A Portuguesa, e a constatação de que, afinal, não havia um país para governar... ainda.

Gravuras: Proclamação da República no Porto; Bombardeamento dos Paços do Concelho.

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