segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hino da Independência do Brasil













Este artigo está relacionado com outro aqui publicado, sobre o Hino da Carta (hino nacional
português durante a Monarquia Constitucional). O autor da música de ambos foi D. Pedro, primeiro Imperador do Brasil e quarto Rei do mesmo nome em Portugal. A letra do Hino da Independência do Brasil (hino nacional brasileiro entre 1822 e 1889) é da autoria de Evaristo da Veiga:


Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Imagens: As primeiras bandeiras do Brasil independente; a da esquerda vigorou por pouco tempo, entre 18 de Setembro e 1 de Dezembro de 1822 (data da coroação de D. Pedro I como imperador); a da direita vigorou desde 1 de Dezembro de 1822 até 15 de Novembro de 1889, quando um golpe militar instaurou a República. A principal diferença entre as duas reside no escudo, tendo a coroa original sido substituída por uma coroa imperial.

Vídeo: de minha autoria (JorgeF).

Consulte-se também: http://www.brasilimperial.org.br/bandsbr.htm



domingo, 11 de janeiro de 2009

Bonaparte e o FBI





"(...) existe um grau de parentesco entre o fundador do FBI, Charles Joseph Bonaparte, que foi ministro norte-americano da Justiça, e o Imperador francês, Napoleão Bonaparte, sendo Charles neto de Jérôme Bonaparte, irmão mais novo de Napoleão."

Esta foi a resposta correcta, dada por Carlos Ramalhinho (a quem endereço os parabéns), ao pequeno enigma do post anterior.


Charles Joseph Bonaparte e o FBI

O Federal Bureau of Investigation foi fundado em 1908, embora o nome pelo qual é conhecido actualmente só lhe tenha sido atribuído três anos mais tarde. O seu criador foi Charles Joseph Bonaparte (9 de Junho de 1851-28 de Junho de 1921), sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte. Um brilhante aluno de Harvard, católico, conservador e polémico, Charles Bonaparte começou a sua carreira como advogado, mas desde cedo se envolveu na política. Foi um forte crítico da criação do sistema de escolas públicas (que então ensaiava os primeiros passos nos EUA), pois era contra a ideia do Estado proporcionar ensino gratuito para todos. Em 1902, o presidente Theodore Roosevelt (um amigo de longa data de Charles Joseph) convidou-o para o Board of Indian Commissioners, um organismo destinado a investigar fraudes no sistema postal. Três anos mais tarde foi empossado como U.S. Secretary of the Navy (Secretário de Estado - equivalente, nos EUA, a ministro - da Marinha). Terá sido o mais indolente Secretário de Estado da Marinha que os EUA tiveram, pois limitava-se a trabalhar uma hora por dia no seu gabinete, entre o meio-dia e as treze. Tinha residência em Baltimore e deslocava-se de comboio para a capital, regressando de imediato a casa após a hora de trabalho. Só se demorava mais quando havia reunião do Gabinete Presidencial. Não obstante, foi nomeado U.S. Attorney General (equivalente a Ministro da Justiça) em 1906, cargo para o qual estava muito melhor talhado e que ocupou até ao fim do mandato presidencial do seu amigo Theodore Roosevelt, em 1909. Foi como Attorney General que criou o FBI, uma força de agentes secretos destinada a investigar fraudes. A sua acção inseria-se nos propósitos políticos do Presidente Theodore Roosevelt, de combate à corrupção e às práticas ilegais de algumas grandes corporações económico-financeiras.

Breve história familiar de Charles Joseph Bonaparte
O avô de Charles Bonaparte, Jérôme Napoleon, era o irmão mais novo do Imperador dos Franceses. Em 1803, Jérôme conheceu uma bela e rica jovem americana de Baltimore, Elizabeth - ele tinha 19 anos, ela 18. Casaram em segredo nesse mesmo ano, o que enfureceu Napoleão Bonaparte, que não reconheceu a legalidade do matrimónio.
O casal mudou-se para Lisboa em 1805, mas logo se separou. A jovem Elizabeth (Betsy, como era mais conhecida) estava então grávida. Jérôme não resistiu aos argumentos do seu poderoso irmão mais velho e tornou-se mais um peão no tabuleiro da política diplomática e de guerra que o mano Napoleão jogava na Europa: aceitou ser Rei da Vestfália e voltou a casar. Betsy recebeu uma pensão anual de 60.000 francos por ano de Napoleão, em compensação. No entanto, o reconhecimento do divórcio com Jérôme só chegaria em 1815.
A pensão anual, uma pequena fortuna para a época, permitiu a Betsy viajar pela Europa, o que fez até 1840, ganhando fama pela sua beleza e espírito mordaz. O seu filho, Jérôme-Bonaparte Patterson, foi com ela viver para Baltimore. Aí cresceu e estudou, tendo-se casado com uma senhora da alta sociedade local. Teve dois filhos: Charles Joseph, o criador do FBI e tema deste artigo, e Jerome Napoleon, oficial do exército, que serviu nos EUA e no exército francês do seu primo, o Imperador Napoleão III.

Para saber mais: http://www.fbi.gov/libref/historic/history/historic_doc/docstar.htm

Nas imagens: Jérôme Bonaparte, o avô, e Charles Joseph Bonaparte, o fundador do FBI.