domingo, 16 de novembro de 2008
A barca e o barinel, esses esquecidos dos Descobrimentos
"Que navio associa à época dos Descobrimentos Portugueses?" - a esta pergunta, muitas pessoas responderiam de imediato "a caravela". E a verdade é que este tipo de embarcação, surgido durante a década de 40 do século XV, foi muito importante para as viagens que se realizaram por iniciativa do Infante D. Henrique ou, após a sua morte, por Fernão Gomes, rico mercador de Lisboa, e mais tarde por iniciativa do Príncipe Perfeito, o futuro Rei D. João II. Navio muito rápido para a época, fácil de manobrar, com um calado que permitia navegar em águas pouco profundas, a caravela estava equipada com velas triangulares - também conhecidas por velas latinas - que permitiam bolinar, ou seja, navegar com ventos contrários à rota desejada.
Mas quando a caravela surgiu, já os portugueses haviam dobrado o cabo Bojador, essa "barreira" do fim do mundo das lendas medievais. Gil Eanes derrubou esses mitos em 1434, contrariando ventos, correntes fortíssimas e os perigos de uma navegação costeira ainda sem mapas para orientação (era nessas viagens que se tiravam notas e faziam esboços para, no futuro, outros irem mais precavidos de tabelas e mapas, ainda que não menos receosos)... e fê-lo sem caravela!
Os feitos notáveis dos primeiros navegadores que ousaram enfrentar os perigos do Oceano Atlântico tiveram como veículo embarcações ainda mais frágeis e tecnicamente menos desenvolvidas que a caravela. Foi em barcas que se redescobriu o arquipélago da Madeira e se atingiram as ilhas dos Açores. Foi em barcas e barinéis que os primeiros colonos se deslocaram para os seus definitivos lares insulares. Foi a barca que permitiu a Gil Eanes, após doze anos de tentativas frustradas, ultrapassar o Bojador.
Como eram esses navios?
A barca comportava uma tripulação de 20 homens e podia ter velas quadrangulares ou latinas. Estava já equipada com leme central à ré (ou seja, na traseira do navio).
O barinel era um pouco maior que a barca e podia ter uma tripulação de 30 homens. Havia barinéis com um, dois e até três mastros. Tal como a barca, estava equipado com cesto de gávea, onde um marinheiro de visão aguda procurava, do alto, vestígios de terra firme no horizonte. A parte dianteira do navio era mais elevada - o castelo de proa. Estas características foram desenvolvidas e incorporadas na caravela, que substituiu a barca e o barinel nas viagens de exploração da costa africana a partir da década de 40 do século XV.
Não há imagens conhecidas de barinéis. As que aqui se reproduzem são reconstituições de barcas. Para saber um pouco mais sobre barcas e barinéis, sugiro a visita a este endereço (Instituto Camões):
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/navegaport/c04.html
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