Um interessante documentário sobre a artilharia no período da Expansão Portuguesa, produzido pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses.
domingo, 25 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Histórias de piratas e portugueses em São Tomé e Príncipe
Situado próximo da costa ocidental africana, o arquipélago de São Tomé e Príncipe não escapou à actividade de pirataria e corso empreendida por ingleses, franceses e holandeses no Atlântico a partir do século XVI. Alguns casos são mais ou menos conhecidos, outros nem tanto. Por exemplo, no ano de 1600, um corsário holandês ao serviço da Companhia das Índias Ocidentais do seu país, van der Hagen de seu nome, atacou e saqueou a cidade de São Tomé. Este acontecimento é referido de forma breve no artigo "Pirataria", no Dicionário de História de Portugal dirigido por Joel Serrão (Porto, Livraria Figueirinhas, 1985, vol. V, pgs. 95-99).
Provavelmente menos conhecido entre nós foi o caso do pirata inglês Howel Davis. Em Junho ou Julho de 1719, Davis decidiu pôr em prática um plano para enganar o governador português do arquipélago, António Furtado de Mendonça, então a residir na ilha do Príncipe. O objectivo era insinuar-se junto do governador (na época, piratas e corsários mantinham por vezes relações cordiais, a título pessoal, com governadores das parcelas dos vários impérios europeus, uma vez que as actividades ilegais podiam trazer proveito a ambas as partes), de modo a ganhar a sua confiança e a poder, mais tarde, apropriar-se da fortaleza da ilha sem grande dificuldade. Subsequentemente, pretendia saquear o lugar e apropriar-se das mulheres da ilha, incluindo a esposa do governador, cuja beleza não passava despercebida.
Todavia, António Furtado de Mendonça foi avisado acerca das reais intenções do inglês e resolveu montar-lhe uma armadilha. Convidou Howel Davis para jantar na fortaleza e, quando o inglês, acompanhado por alguns dos seus homens, se dirigiam alegremente para o local, foram atacados de surpresa pela guarnição portuguesa. Um tiro atingiu Davis no estômago. O pirata ainda resistiu, mesmo ferido, e ripostou disparando as duas pistolas que levava, mas acabou por cair morto, tal como a maioria dos seus acompanhantes.
Quando a notícia chegou ao navio do inglês, um outro membro da tripulação, Bartholomew Roberts, que se tornaria ele próprio um pirata famoso, decidiu vingar o seu ex-capitão. Como já tinha estado em São Tomé, conhecia a maneira de bombardear a fortaleza do Príncipe a partir de uma posição desenfiada (ou seja, sem que os canhões da fortaleza pudessem ripostar). Assim fez, aconselhando a tripulação pirata na manobra do navio e na canhonada que se seguiu. A fortaleza e a localidade sofreram bastante com o bombardeamento. Satisfeitos por vingarem o seu capitão, os piratas afastaram-se e, mais tarde, elegeram Bartholomew Roberts para o posto vago pela morte de Davis. Foi o princípio da carreira de Roberts, que se tornou num dos piratas mais famosos da História, embora de curta duração (foi morto em 1722). No entanto, teve tempo para causar mais dissabores aos portugueses - mas isso já escapa ao tema deste pequeno artigo.
Bibliografia: TRAVERS, Tim, Pirates. A History, Stroud, Tempus Publishing, 2007.
Fotos da autoria de JorgeF, excepto a que foi extraída do programa Google Earth e que representa o arquipélago de São Tomé e Príncipe.
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