sexta-feira, 30 de abril de 2010

Francisco dos Santos: escultor, pintor... e futebolista



Com algum atraso, devido a afazeres profissionais, desvendo hoje a solução do problema 3 das "Curiosidades da História". A resposta correcta foi dada pelo leitor Victor Silva: de facto o que unia as três imagens (emblema do Sporting Clube de Portugal, na sua primeira versão; emblema da Lázio de Roma; estátua do Marquês de Pombal, em Lisboa, no local outrora conhecido por Rotunda) era o nome de Francisco dos Santos.


Francisco dos Santos, nascido em 1878, era natural de Paiões, perto de Rio de Mouro, Sintra. Órfão de pai aos dois anos, fez os seus estudos na Casa Pia, onde revelou grandes aptidões para o desenho e para a escultura. E não lhe faltava jeito também para esse novo e estranho desporto de ingleses, recentemente introduzido em Portugal, o football.

Aos 15 anos matriculou-se na Escola de Belas Artes. Terminou o curso com distinção aos 20 anos. Entretanto, não deixara de praticar futebol, primeiro no Casa Pia, e mais tarde, a nível oficial, no Sport Lisboa.

Em 1903 foi para Paris, para a Escola de Belas Artes. A bolsa de estudo era magra, e na capital francesa passou por dificuldades financeiras. Casou com uma senhora francesa e, em 1906, um subsídio concedido pelo Visconde de Valmor permitiu-lhe traçar um novo rumo na sua carreira: o destino era Roma, para prosseguir os seus estudos e aprimorar a sua arte escultórica.

De novo as dificuldades financeiras o afligiram, para mais numa época em que já era pai de um filho. Para pagar os estudos dava aulas de francês e... jogava futebol. Na Lázio de Roma, equipa que chegou a capitanear e onde atingiu grande brilhantismo. Foi o primeiro futebolista português a jogar no estrangeiro.

Regressou a Portugal em 1909, sempre na míngua de finanças. No campo desportivo, prosseguiu a sua carreira no Sporting Clube de Portugal, como jogador. Foi um dos fundadores da Associação de Futebol de Lisboa e foi, também, árbitro de futebol.

O seu talento como escultor - e também pintor - foi sendo reconhecido, e com o passar do tempo foi também aumentando a sua riqueza. Para trás ficavam os anos de uma juventude de pobreza e das dificuldades financeiras passadas quando já tinha constituído família. Já em plena República, foi o vencedor do concurso para o busto feminino que representava oficialmente o novo regime. Outras encomendas foram surgindo, a mais célebre de todas a estátua do Marquês de Pombal. Vários locais de Lisboa estão embelezados por obras suas. Na pintura, notabilizou-se pela sensualidade dos seus nus femininos.

Francisco dos Santos faleceu em 1930, aos 52 anos.

 Imagem: O busto da República, de Francisco dos Santos.